amigas passageiras

9.10.12

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a propósito do surto de borboletas que para aqui vai neste quarto, lembrei-me duma passagem que sublinhei no 1Q84, do Haruki Murakami

Às borboletas, mesmo sem nome, consigo distingui-las pela forma e pelos desenhos. Além disso, de pouco ou nada me serviria dar-lhes um nome, uma vez que não tardam a morrer. Digamos que são amigas passageiras sem nome. Venho aqui todos os dias, visito-as e falo com elas acerca de vários assuntos. Quando é chegada a sua hora, as borboletas desaparecem, sem fazer alarde. De certeza que isso significa que morreram, porém, a verdade é que nunca encontrei o corpo delas sem vida. Desaparecem sem deixar rasto, como se tivessem sido absorvidas pelo ar. As mariposas são, acima de tudo, criaturas de uma elegância efémera: vêm do nada, procuram tranquilamente um número limitado de coisas e voltam a desvanecer-se em silêncio. Talvez regressem a um mundo diferente deste.

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